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Áreas “Mágicas”: O Truque do Metro Quadrado

Chegou a hora de acabar com os contos de fadas do mercado imobiliário.

Em Portugal, multiplicam-se anúncios com áreas que parecem generosas — até ao momento em que se descobre o truque. O segredo está em baralhar conceitos: área bruta de construção, área bruta privativa, área útil, áreas dependentes… tudo misturado num cocktail que faz o preço por metro quadrado parecer irresistível. Na prática, o comprador acredita que está a investir em “espaço real”, mas acaba a pagar por metros que nunca vai usufruir.

Um “apartamento de 100 m²” pode ter, no máximo, 70 m² realmente habitáveis. O resto são garagens, varandas, arrecadações, zonas comuns e até paredes contabilizadas com criatividade.

O resultado? Frustração, desconfiança e negócios que desmoronam quando a avaliação bancária ou o financiamento não correspondem à “realidade mágica” apresentada no anúncio.

Este jogo de áreas tornou-se prática comum. “É assim que todos fazem” — dizem. Mas normalizar o erro (ou o embuste) não é profissionalismo: é apenas uma forma elegante de enganar o cliente.

A verdade é simples:
👉 Área bruta privativa é o que interessa ao comprador.
👉 O resto é detalhe técnico — e, muitas vezes, marketing disfarçado.

Como avaliador, vejo isto todos os dias. Parte vem de falta de formação; parte, infelizmente, é intencional.

Mas enquanto continuarmos a vender metros ilusórios, o setor continuará a perder algo que não se mede em metros quadrados: credibilidade.